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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Porque fiz Administração e me arrependi - Parte 2

Para ler a primeira parte clique aqui.

Antes de iniciar as aulas, a escola de ensino técnico que eu tinha ligado perguntando os valores da mensalidade me retorna a ligação, dizendo que agora eles tinham uma promoção para mim que iriam fazer o curso pelo preço X (bem próximo ao que a minha namorada da época tinha pagado). Respondi a atendente, agora é tarde já estou fazendo faculdade.

Primeiro dia na universidade, vou com meu papelzinho com escrito a localização da sala, chegando lá as turmas mudaram de salas, vou para o andar que estava indicado no papel do elevador, falo com um rapaz que estava pensando na vida sentado em um banco logo a frente. Ele também era um calouro e não sabia aonde seria a aula, e ficou por lá mesmo esperando alguém responsável dizer em qual sala que iria ter a nossa primeira aula.

Entorpecido pela novidade (finalmente estou em uma faculdade!), nem me ligo que o andar que fiz o vestibular era completamente diferente de onde eu fiz a prova que parecia uma grande empresa de 1º mundo, mas no andar que eu iria estudar parecia uma repartição publica da década de 70.
Durante a procura ainda troquei de sala duas vezes, quando finalmente fui alocado para uma sala realmente cheia.

Não é porque é ensino superior que as coisas irão funcionar direito, afinal estamos no Brasil.

Dia de pagamento, eba!

1º Semestre
1º Aula, Economia, apresentação de tudo, o professor explica como é o funcionamento da faculdade, como é o calculo do CR e todas aquelas baboseiras típica das universidades das bananas.

É chamado o professor que irá dar as aulas de teorias da administração.

Ele vem com aquele papo, parabenizando pela escolha do curso, sua vida vai melhorar daqui em diante, faltam administradores no Bostil e que mesmo que preenchêssemos todas as empresas ativas com pelo menos um administrador nos cargos gerenciais ainda teria um grande déficit, os cargos de liderança hoje estavam sendo ocupados erradamente por engenheiros, pois a grande maioria não sabe liderar equipes e etc. (E realmente não sabem, se você já trabalhou em obra sabe disso).

Toda aquela enganação e papo motivacional típico dos falastrões. Eu achei o máximo, pensei no momento, acertei em cheio, vou ficar rico!

Aulas de apresentação, como gostei daquilo, fazer uns slides bonitinhos, falar um monte de baboseira e ser aplaudido. hahahaha

Nas aulas de sociologia, a professora só falava da vida pessoal, irmão drogado e sua convivência com a polícia. Todos na sala tinham a desconfiança que ela dava aula depois de apertar um.

Diferente do ensino fundamental e médio, toda matéria dada em sala de aula tinham partes em comum, o que facilitava o aprendizado, pois poderíamos discutir a matéria com as professoras mais ociosas (Apresentação e Sociologia).

O de economia nos lascava com matéria e fazia aquela pergunta cretina, o que você faz de meia-noite as seis da manhã?

O livro apesar de ser grande só dava os fundamentos, explicava muito mal a inflação e deflação, deixava com mais dúvidas do que explicava e não dizia por exemplo que o fator mais importante no controle da inflação é a impressão de dinheiro e o controle de crédito, ou seja, o responsável é o governo.

A primeira leva a abandonar o curso foram as Patys e os/as bestas que não sabiam o que queriam, alguns deles já tinham começado outros cursos, abandonaram e decidiram entrar nesse.
Outros abandonaram quando o calo começou a apertar, imagina você ter que ler um livro para cada matéria cada um com mais de 300 paginas para fazer apenas uma prova? Ter que escrever um trabalho com 30 páginas, coisa que nunca fez na vida e lutava para fazer uma redação de 20 linhas no colégio.

Como no segundo semestre de todo ano tem a semana do administrador, tinham aulas que eram substituídas por palestras de empresários convidados, todas aquelas histórias de superação, inovação e etc. só me deixavam mais ludibriado e gostando cada vez mais do curso.

Conciliar trabalho, livros, xerox, estudar para fazer os trabalhos. Não era tão fácil quanto imaginava.
Em menos de 2 meses já tinha arranjado um emprego, dessa vez em algo que gosto de fazer, transformei o hobby em emprego e ganhava razoavelmente bem se comparando a carga horária de trabalho, conseguir pagar o semestre todo, mas como não sou sortudo o produto não vendia bem, a empresa faliu e o contrato acabou.

Não tivemos trote e nem putarias igual em American Pie, os pobretões que cursam as uniesquinas estão lá para ganhar dinheiro, não para gastar.

Nas férias, consigo um estágio ganhando muito menos que o último emprego. Tiver que mudar de turno, pois o estágio era de manhã, voltava para casa para almoçar para de noite, ir à faculdade com isso eu tinha que botar dinheiro do meu bolso para a passagem. Só me sobravam cerca de R$ 100,00, era muito difícil segurar algum dinheiro. O namoro que era ruim, já estava ficando pior.

2º Semestre
Continuação das teorias da administração, agora falando das estruturas das empresas, departamentalização, reestruturação, tipos de hierarquias e etc.
Na turma noturna a maioria das salas eram compostas por mulheres.
No primeiro dia de aula, o professor pergunta aos alunos por que estão fazendo administração? Alguns alunos falam que é para subir de cargo na empresa, outros que é para abrir uma empresa e pasmem, a maioria diz que é para fazer concurso.
Como assim? O curso não tem ligação nenhuma com o que cai nas provas! O que esse pessoal tem na cabeça?

Comportamento Organizacional, professora gostosa que se casou com um velho rico, sua bunda chamava mais atenção que a aula, só me lembro de baby boomers, geração x, y e z.
Primeira aula foi como uma dinâmica de grupo. Você escrevia no papel seu nome, idade, no que trabalhava e o que gostava de fazer, dava para o(a) parceiro(a) do lado se apresentar como se fosse você.

Simulação de negócios, baboseira pura, mais liderança e gerenciamento de pessoal, a matéria foi semipresencial, quase tomei fumo porque a prova do professor focava somente nos nomes e datas do que os desocupados escreviam e não na matéria em si.

Contabilidade, as aulas começaram com matemática e os conceitos de débito e crédito, para quem nunca teve uma educação financeira passou dificuldades. Eu já usava o Excel para fazer os balanços e fluxos de caixa, trabalho só tive na primeira vez que fiz um depois nem precisava mais conferir, pois quando chegava na sala, estava tudo certo. Minha maior dificuldade foi explicar toda a matéria e passar cola para os bonobos que não conseguiam entender o que é Ativo/Passivo circulante e não circulante.

Matemática básica foi uma vergonha, mesmo sendo uma revisão de tudo, até de conjunto! As pessoas não sabiam resolver frações, regra de três e equação de 1º grau! Ali eu sentia vergonha alheia e queria voltar tentar alguma engenharia.

O estagio só durou 3 meses, queriam me contratar para ganhar mais R$ 100,00, não aceitei, logo depois arranjei outro pagando um pouco mais, mas que trabalhava bem menos e por ser de tarde eu já economizava uma grana, não precisava mais pagar passagem por fora, pois emendava na faculdade, ou seja, a ida e volta era paga pela empresa. A situação era tão feia que a namorada da época me deu um celular melhor de aniversário.

Não era o ideal, mas quebrava um galhão.
*imagem meramente ilustrativa


Na próxima post falarei do 3º  e  4º semestre, suas matérias e minha decisão de sair da faculdade.

Para ler o próximo capitulo clique aqui.

4 comentários:

  1. Faz um livro cara, com certeza inspirará muitos brasileiros acordados a sair desse chiqueiro.

    Abraços!!

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  2. Tem mais drogado em faculdade que em boca de fumo

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  3. Sou administradora de empresas e me vejo em seu texto. Tinha um emprego estável e era bem remunerada (recebia o suficiente para o meu sustento e não tinha dívidas), faltava mais fundamentos e práticas de gestão, mas nada que me impedisse de ocupar cargos de liderança. Tinha me formado em um curso tecnólogo antes de entrar nessa empresa, e, em vez de eu fazer uma pós, resolvi me graduar em administração. Comecei pagando a faculdade, a mensalidade foi aumentando de tal forma que precisei fazer o FIES. Formei em 2016. Após quase nove anos de trabalho, a empresa fechou e não consigo me recolocar no mercado com o mesmo salário e mesma função. Estão pagando pouco mais de um salário mínimo para quem tem o conhecimento de um contador e o contrato é como auxiliar de escritório no máximo nível II. Se eu tento uma vaga que pague menos, não sou chamada nem para entrevista, pois a empresa não quer que eu a utilize como trampolim. Não sou contadora, não sou economista, não sou profissional de marketing. Sou uma arrependida com uma dívida enorme com o FIES. Quando a gente cresce na empresa é porque existe qualidade no serviço prestado, mas o curso de administração só me diferencia de quem não tem formação no currículo. Formar em administração é concorrer com quem se formou em áreas específicas e ainda não tem experiência. Você pode ter essa bendita experiência, mas por ser ADM você não terá valor!

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