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domingo, 18 de setembro de 2016

A cartilha do Arnold Schwarzenegger

Esse é apenas um pequeno trecho do que é encontrado em sua biografia oficial.

Livro Arnold Schwarzenegger

Demorei um pouco para postar, pois minha vida andava meio problemática. Agora que estou com um pouco de tempo lhe apresento esta cartilha. Obs.: Não há nenhuma das referencias ditas no livro, se está procurando apenas um resumo para um trabalho de sua uniesquina ou presídio mirim, vaza! Procura um sebo, compra o livro ou mesmo baixe o pdf, mas tenha a consciência que esse livro muda vidas e não é apenas mais um instrumento mal acabado de avaliação e tortura de alunos entediados e desmotivados. Procure o material original e comece a por seus ensinamentos em prática e mande seu professor para a PQP.


1 nunca deixe o orgulho atrapalhar seu caminho. Muhammad Ali e eu par­ticipamos de vários programas de entrevistas juntos. Sempre o admirei por ser um campeão com uma personalidade incrível, generoso, sempre atencioso com os ou­tros. Se todos os atletas fossem iguais a ele, o mundo seria um lugar melhor. Nós nos encontrávamos antes de entrar no ar e ficávamos fazendo graça. Certa vez, ele me desafiou a jogá-lo contra a parede, se fosse capaz. Acho que alguém no mundo do boxe devia ter lhe dito para começar a fazer musculação como George Fore- man, porque Ali era mais conhecido por sua velocidade e pelo uso da psicologia. Ele estava pensando em acrescentar “forte como um touro” a “leve como uma bor­boleta, com o ferrão de uma abelha”, e queria sentir a verdadeira potência de um fisiculturista. Consegui empurrá-lo contra a parede, e ele comentou: “Caramba, a musculação funciona de verdade. Legal. Muito legal mesmo.”
Em nosso encontro seguinte, ele estava acompanhado de alguns amigos e falou: “Vejam só isso. Ei, Arnold, tente me empurrar.”
“Deve ser uma armadilha”, pensei. “Ninguém quer ser empurrado na frente dos amigos.”
Comecei a fazer o que ele havia pedido e consegui imprensá-lo outra vez contra a parede. “Não falei? Não falei?”, disse ele. “Esse cara é forte mesmo. Esse negócio de musculação é realmente muito bom.”
Ali não se importava em perder uma disputa. Tudo o que ele queria era mostrar aos amigos que o treino com pesos funcionava. As pernas e os quadris mais fortes proporcionados pela musculação poderiam ser úteis no boxe.

2. NÃO PENSE demais. Se você passa o tempo todo pensando, a mente não conse­gue relaxar. O mais importante é deixar tanto a cabeça quanto o corpo flutuarem. Então, quando tiver que tomar uma grande decisão, você terá toda a sua energia disponível. Isso não significa que não deva usar o cérebro, mas parte de nós precisa saber agir de forma instintiva. Quando para de analisar tudo, você se livra de todo o lixo que o sobrecarrega e impede seu avanço. Desligar a mente é uma arte, uma forma de meditação. O conhecimento é algo extremamente importante ao tomar­mos decisões, e a razão disso não é necessariamente evidente. Quanto mais infor­mações temos, mais livres nos tornamos para confiar nos próprios instintos. Na maioria dos casos, porém, as pessoas que detêm o conhecimento ficam atoladas, imobilizadas. Quanto mais sabem, mais hesitam, e é por isso que até os indivíduos mais inteligentes passam por grandes fracassos. Um boxeador sobe ao ringue le­vando uma imensa quantidade de conhecimento - em que momento se esquivar, atacar, contra-atacar, recuar, bloquear. No entanto, se fosse pensar em tudo isso na hora de levar um golpe, estaria acabado. Ele precisa usar tudo o que sabe em um décimo de segundo. Quando você não confia no seu processo de tomada de deci­sões, ele pode prejudicar seu avanço.
Por pensarem demais as pessoas não conseguem dormir à noite: sua mente não para e elas não conseguem desligá-la. O excesso de análise é prejudicial. Em 1980, quando Al Ehringer e eu quisemos revitalizar um quarteirão na Main Street, em Santa Monica, os investidores com os quais estávamos disputando os imóveis dei­xaram que suas preocupações os impedissem de agir. Nós tínhamos feito as mes­mas pesquisas que eles e vimos que havia algumas incertezas que poderiam limitar o potencial de valorização da área. O terreno era uma antiga servidão para bon­des e não estava disponível para venda, apenas para um leasing de longo prazo. Além disso, os terrenos vizinhos estavam contaminados com resíduos químicos. E se nossa parte também tivesse problemas? A propriedade transpunha a frontei­ra entre Santa Monica e Venice, então não estava claro que impostos e regulamen­tos locais deviam ser aplicados. Não nos prendemos a esses problemas, mas nossos concorrentes sim, e depois de algum tempo tudo o que conseguiam ver eram os riscos. Assim, eles desistiram do negócio quando aumentamos nosso lance, e aca­bamos arrematando os imóveis. Em dois anos, conseguimos converter o leasing em compra e nossa aposta começou a render frutos - o número 3.100 da Main Street revelou-se um investimento fenomenal. No cinema, muitos contratos são fecha­dos sob pressão. Se você vacilar, está fora. No caso de Irmãos gêmeos, tínhamos um prazo: a Universal precisava saber se Danny, Ivan e eu estávamos todos dentro. Não houve tempo para os agentes se falarem, então nós três fechamos o acordo em um guardanapo de papel durante o almoço. Simplesmente assinamos e nos levantamos da mesa. Posteriormente, Danny mandou emoldurar o guardanapo.

3. Esqueça o PLANO B. Para se desafiar e crescer, você precisa abrir mão da rede de segurança. No início de 2004, os números da opinião pública em relação às minhas propostas recém-anunciadas de votação popular eram muito ruins; estávamos pe­dindo aos eleitores a permissão para refinanciar uma dívida de 15 bilhões de dóla­res. Nossos especialistas em orçamento já estavam se descabelando.
-        O que vamos fazer se as propostas forem rechaçadas? Precisamos de um pla­no B - disseram eles.
-        Por que assumir uma atitude derrotista? - indaguei. - Se não houver plano B, o plano A vai ter que funcionar. Nós acabamos de anunciar as propostas. Existe muita coisa que podemos fazer para chegar mais perto do objetivo.
Se estiver ansioso, em vez de traçar planos de emergência, pense no pior que pode acontecer se o que está tentando fazer não der certo. Qual seria a gravida­de disso? Logo vai descobrir que na verdade não tem importância nenhuma. Se perder uma eleição para governador, pode ficar humilhado, mas isso é o pior que pode acontecer. Pense em todos os candidatos presidenciais que perdem eleições. As pessoas entendem que é assim que funciona. Considerei que, se perdesse a dis­puta para governador, simplesmente voltaria a fazer filmes e continuaria a ganhar muito dinheiro. Seria um cara livre, comeria bem, andaria de moto e passaria mais tempo com minha família. Assim, fiz tudo o que podia para conseguir o cargo - reuni a melhor equipe, arrecadei dinheiro, fiz uma excelente campanha. Se não ti­vesse dado certo, eu teria dito: “Não deu certo desta vez e pronto.” Quando perdi todas as propostas de votação popular que apresentei em 2005, não morri por cau­sa disso. A vida seguiu seu curso e liderei uma missão comercial fantástica à China. Um ano depois, fui reeleito.
A imagem da infelicidade para mim são os caras que trabalhavam nas minas de diamante da África do Sul quando estive lá, nos anos 1960. As minas ficavam a quase meio quilômetro de profundidade, fazia um calor de 43°C, os trabalhadores ganhavam um dólar por dia e só podiam voltar para casa e visitar a família uma vez por ano. Isso, sim, é estar profundamente na merda. Qualquer coisa melhor do que isso significa que você está bem.

4. É POSSÍVEL DIZER BARBARIDADES BEM-HUMORADAS PARA UM ACERTO DE CON­TAS. Em 2009, meu amigo Willie Brown, ex-prefeito de São Francisco e presidente da Assembleia que ocupou o cargo por mais tempo em toda a história da Califór­nia, estava organizando um evento beneficente para o Partido Democrata no esta­do no hotel Fairmont, em São Francisco, e nós dois pensamos que seria engraçado se eu desse uma passada lá.
Apareci sem ser anunciado e dei um grande abraço em Willie na frente de todo mundo, o que fez metade dos democratas surtar e a outra metade cair na risada. Então um membro da Assembleia recém-eleito chamado Tom Ammiano, também de São Francisco, levantou-se de sua cadeira e começou a gritar na minha direção, apontando para si mesmo: “Este gay aqui quer que o senhor vá se ferrar!” Saiu até na imprensa. Além de político, Ammiano era humorista profissional. Não fiz ne­nhum comentário. Muito engraçado, hahaha. Mas pensei com meus botões: “Vai chegar uma hora em que terei o poder de aprovar leis, e um dia vou receber uma lei defendida por ele...”
Dito e feito: algumas semanas depois, recebi uma das leis de Ammiano. Era uma medida de rotina sobre o píer de São Francisco, mas significava muito para ele. Instruí minha equipe a redigir uma bela mensagem de veto.

Carta foda-se

Alguns jornalistas perguntaram a meu assessor de imprensa se o recado “fo-da-se” tinha sido proposital, ao que ele respondeu: “Não, não tínhamos a menor ideia. Deve ter sido um acidente.”
Na minha coletiva de imprensa seguinte, porém, outro repórter levantou a mão e disse:
-        Pedimos que um matemático lesse a carta. Segundo ele, existe menos de uma chance em 2 bilhões de a mensagem ter sido acidental.
-        Tudo bem - respondi. - Por que vocês não vão lá e perguntam ao mesmo es­pecialista quais eram as chances de um menino da zona rural da Áustria vir para os Estados Unidos e virar o maior campeão de fisiculturismo de todos os tempos, entrar para o cinema, casar-se com uma Kennedy e depois ser eleito governador do maior estado do país? Na próxima coletiva, venham me contar a resposta dele.
Todos os jornalistas riram. Enquanto isso, a seguinte frase foi atribuída a Tom Ammiano: “Fui um idiota, então ele tem o direito de ser um idiota também.” A brincadeira acabou com a tensão. (Um ano mais tarde, depois de sancionar mais uma lei defendida por ele, divulguei um comunicado a respeito que, lido na verti­cal, dizia “d-e-n-a-d-a”)

5. O DIA TEM 24 horas. Certa vez, dei uma palestra na Universidade da Califórnia. Ao final, um aluno levantou a mão e reclamou:
-Governador, desde a crise do orçamento minha anuidade aumentou duas ve­zes. Agora está alta demais. Preciso de mais auxílio financeiro.
-Entendo, é difícil mesmo - falei. - Mas como assim, alta demais?
-Agora tenho que trabalhar em meio período.
-E qual é o problema disso?
-Preciso estudar!
Então falei:
-Vamos fazer as contas. Quantas horas de aula você tem?
-Duas horas um dia por semana e três horas em outro.
-E quantas horas precisa estudar?
-Três horas em cada um desses dias.
-Certo. Até agora, pelas minhas contas, são seis horas em um dia e sete em ou­tro, contando com o transporte. O que você faz no restante do tempo?
-Como assim?
-Bom, o dia tem 24 horas. Já pensou em trabalhar mais, ou pegar mais discipli­nas, em vez de ficar vendo a vida passar?
A turma inteira ficou chocada ao me ouvir dizer isso.
-Eu não estou vendo a vida passar! - respondeu o aluno.
-Está, sim. Você falou em seis horas por dia. O dia tem 24 horas, então sobram 18. Digamos que você precise dormir seis horas por noite. Então, se o seu trabalho em meio período ocupa quatro horas, mesmo assim ainda sobra tempo para na­morar, dançar, beber e sair. Está reclamando de quê?
Disse aos alunos que, quando era estudante, treinava cinco horas por dia, fazia quatro horas de aulas de interpretação, trabalhava na construção civil várias horas por dia, ia à faculdade e fazia os deveres de casa. E eu não era o único. Nas minhas turmas do Santa Monica College e dos cursos de extensão da UCLA havia outros alunos que trabalhavam em tempo integral. É natural esperar que alguém venha pagar sua conta. E o governo deve estar presente para ajudar em caso de necessi­dade real e para fornecer educação. No entanto, se o governo não estiver obtendo receita suficiente por causa de uma desaceleração da economia, todo mundo pre­cisa contribuir e se sacrificar.

6. repetir, repetir, repetir. Quando entrávamos no Sindicato Atlético de Graz, academia onde eu fazia musculação na adolescência, havia à esquerda uma parede comprida de compensado toda coberta de marcas de giz. Era lá que anotávamos nosso programa de treino para cada dia. Cada um tinha seu pedacinho de parede e antes de trocar de roupa fazia uma lista:

LEVANTAMENTO TERRA: 5 SÉRIES DE 6 REPETIÇÕES
ARREMESSO: 6 SÉRIES DE 4 A 6 REPETIÇÕES
DESENVOLVIMENTO DE OMBROS: 5 SÉRIES DE 15 REPETIÇÕES
SUPINO: 5 SÉRIES DE 10 REPETIÇÕES
CRUCIFIXO RETO: 5 SÉRIES DE 10 REPETIÇÕES

E assim por diante, num total de cerca de 60 séries. Mesmo sem saber como es­taria sua disposição no dia, as pessoas anotavam também a carga. Depois de cada linha havia uma sequência de risquinhos, um para cada série planejada. Se você ti­vesse previsto cinco séries de supino, fazia cinco risquinhos na parede.
Então, assim que concluísse a primeira série, ia até a parede e fazia um segundo risco por cima do primeiro, transformando-o em um X. Todos os cinco risquinhos tinham que virar X antes de você passar para o exercício seguinte.
Essa prática teve forte impacto na minha motivação. Eu sempre dispunha do estímulo visual: “Uau, consegui. Fiz o que disse que faria. Agora vou passar para a próxima série, depois para a outra.” Anotar meus objetivos tornou-se uma coi­sa natural, bem como a convicção de que não existem atalhos. Foram necessárias centenas, milhares de repetições para que eu aprendesse a fazer uma ótima pose três quartos de costas, contar uma piada, dançar tango em True Lies, pintar um lin­do cartão de aniversário e dizer “Eu voltarei” do jeito exato.
Se você der uma olhada no roteiro de meu primeiro discurso na ONU sobre o combate ao aquecimento global, em 2007, eis o que vai ler:

Governor Schwarzenegger United Nations Speech
Cada risquinho no alto da página representa uma vez que ensaiei o discurso. Não importa se você estiver fazendo uma rosca bíceps em uma academia gelada ou discursando diante de líderes mundiais: não existem atalhos - o importante é repetir, repetir, repetir.
Faça na vida o que você fizer, das duas, uma: precisa acumular repetições ou quilometragem. Se quiser esquiar bem, precisa ir às pistas. Se for enxadrista, tem que jogar dezenas de milhares de partidas. No set de filmagem, o único jeito de acertar a cena é ensaiar. Se você tiver ensaiado, não precisa se preocupar e pode aproveitar o momento em que as câmeras vão rodar. Ao filmar The Tomb em Nova Orleans, pouco tempo atrás, fizemos uma cena de briga na prisão com 75 pessoas. A coreografia era tão complicada, com dezenas de trocas de socos, engalfinhamentos e guardas da prisão aparecendo para bater nos presos com cassetetes, que só os ensaios levaram metade de um dia. Quando começamos a rodar, todo mundo já estava cansado, mas ao mesmo tempo bastante preparado. A tomada foi um suces­so. Os movimentos tinham se tornado naturais para nós, e a sensação transmitida foi a de uma briga de verdade.

7. NÃO culpe SEUS pais. Eles fizeram o melhor possível por você, e, caso tenham lhe causado problemas, essas questões agora são suas, e quem tem que solucioná-las é você. Talvez seus pais tenham sido excessivamente atenciosos e protetores e você agora se sinta carente e vulnerável no mundo, ou então podem ter sido duros demais, mas não importa - não os culpe por isso.
Quando eu era pequeno, amava meu pai e queria ser igual a ele. Admirava seu uniforme, sua arma e sua profissão. Mais tarde, porém, passei a detestar o modo como ele pressionava a mim e meu irmão. “Vocês precisam dar o exemplo no vi­larejo, pois são filhos do policial”, dizia. Tínhamos que ser crianças perfeitas, o que evidentemente não éramos.
Meu pai se mostrava exigente - era esse o seu temperamento. Ele às vezes tam­bém se mostrava violento, mas não acho que fosse culpa sua. Foi a guerra. Se ele tivesse levado uma vida mais normal, teria sido um homem diferente.
Então eu muitas vezes me perguntei: e se meu pai tivesse sido mais caloroso e gen­til? Será que eu teria saído da Áustria? Provavelmente não. E teria lamentado por isso!
Tornei-me Arnold por causa do que meu pai fez comigo. Resolvi que iria trans­formar o modo como fui criado em algo positivo, em vez de ficar reclamando. Po­deria usá-lo para criar um sonho, estabelecer objetivos, encontrar alegria nas coi­sas. A severidade dele me afastou de casa. Por causa dela fui para os Estados Unidos e trabalhei duro para ter sucesso - e fico feliz por ter feito isso. Não preciso lamber minhas feridas.
Em Conan, o bárbaro, perto do fim, há um trecho que nunca me saiu da cabeça. A fala não é de Conan, mas de Thulsa Doom, o feiticeiro que o obriga, quando me­nino, a ver o pai ser devorado por cães e mata a mãe na sua frente. Quando Conan está prestes a matá-lo e vingar os pais, Thulsa Doom diz: “Quem é seu pai, se não eu? Quem lhe deu a força de vontade para viver? Eu sou a fonte da qual você brota.”
Portanto, nem sempre o que você deve celebrar é óbvio. Às vezes é preciso valo­rizar justamente as pessoas e as circunstâncias que estão na origem do seu trauma. Hoje em dia eu agradeço o rigor do meu pai, minha criação e o fato de eu não ter conseguido nada do que queria na Áustria, pois foram justamente esses fatores que me deram ânsia de viver. Toda vez que ele me batia, toda vez que dizia que meus treinos de musculação eram uma bobagem, que eu deveria fazer algo útil e sair para cortar lenha, toda vez que ele me desaprovava ou constrangia, essas coisas alimen­tavam o fogo que eu tinha no ventre. Era o que me fazia avançar e me motivava.

8. MUDAR EXIGE CORAGEM. Quando eu estava em missão comercial em Moscou, durante meu último ano como governador, reservei um tempinho para visitar o ex-secretário-geral soviético Mikhail Gorbachev em sua casa. Tínhamos ficado amigos ao longo dos anos, e eu fizera um discurso e me sentara com ele em sua festa de 80 anos em Londres, alguns meses antes. Irina, sua filha, preparou um al­moço para nós dois e vários amigos do Instituto Gorbachev. Passamos pelo menos duas horas e meia comendo.
Sempre idolatrei Gorbachev pela coragem que ele teve ao desmantelar o siste­ma político no qual foi criado. Sim, a União Soviética estava com problemas fi­nanceiros. Sim, Reagan havia exaurido o país e os soviéticos estavam acuados em um canto. Mas o fato de Gorbachev ter tido peito para abraçar as mudanças em vez de oprimir ainda mais seu povo ou começar brigas com o Ocidente sempre me impressionou. Perguntei a ele como tinha conseguido. Como fora capaz de mu­dar o sistema após ter sido doutrinado desde a infância a ver o comunismo como solução para todos os problemas, e depois de alcançar uma posição de liderança no partido na qual era necessário demonstrar paixão pelo sistema o tempo todo? Como conseguira ter a mente tão aberta? “Trabalhei a vida inteira para aperfeiçoar nosso sistema”, disse-me ele. “Mal podia esperar para chegar ao cargo mais podero­so, pois pensava que nesse momento poderia resolver problemas que só o líder pode resolver. Quando cheguei lá, porém, percebi que precisávamos de mudanças revo­lucionárias. As coisas só eram feitas se você conhecesse alguém ou pagasse a alguém por debaixo dos panos. Que sistema era esse? Estava na hora de acabar com aquilo tudo.” Talvez sejam necessários 50 anos para as pessoas entenderem o que Gorba­chev conquistou. Estudiosos debaterão para sempre se ele fez tudo como deveria. Eu não vou debater isso; simplesmente achei incrível o que ele fez. Fico perplexo com a coragem demonstrada por esse homem não em troca de uma gratificação imediata, mas para buscar o melhor rumo para o país em longo prazo.
Para mim, Gorbachev é um herói do mesmo quilate de Nelson Mandela, que su­perou a raiva e o desespero de 27 anos na prisão. Quando lhes foi dado poder para sacudir o mundo, ambos escolheram não destruir, mas sim construir.

9. CUIDE DE SEU CORPO E de SUA MENTE. Um dos primeiros conselhos que per­maneceram na minha mente foi o de Fredi Gerstl, inspirado em Platão. “Os gre­gos criaram as Olimpíadas, mas também nos deram os grandes filósofos”, dizia ele. “É preciso construir a mais refinada máquina física possível, mas também a mais aguçada máquina mental.” Concentrar-me no corpo nunca foi um problema para mim, e mais tarde me tornei realmente curioso em relação ao desenvolvimento da mente. Entendi que ela é um músculo que também deve ser exercitado. Assim, deci­di treinar meu cérebro e ficar inteligente. Tornei-me uma verdadeira esponja e pas­sei a absorver tudo à minha volta. O mundo se tornou minha universidade, e desen­volvi uma grande necessidade de aprender, ler e acumular conhecimento.
Para quem se destaca pela inteligência, o contrário se aplica. Essas pessoas preci­sam exercitar o corpo diariamente. Clint Eastwood pratica exercícios físicos mesmo quando está dirigindo e atuando em um filme. Dmitri Medvedev trabalhava horas a fio quando era presidente da Rússia, mas tinha uma academia em casa e malhava duas horas por dia. Se os líderes mundiais têm tempo para isso, você também tem.
Muitos anos depois de Fredi Gerstl, o papa me falou sobre a mesma ideia de equilíbrio. Fui visitar o Vaticano com Maria e os pais dela em 1983, e tivemos uma audiência particular com João Paulo II. Sarge falou sobre espiritualidade, porque era especialista nisso. Eunice perguntou ao religioso o que as crianças deveriam fa­zer para se tornar pessoas melhores, e ele respondeu: “Rezar. Só isso.”
Eu conversei com ele sobre sua rotina de exercícios. Logo antes de viajarmos, eu tinha lido um artigo em uma revista que contava como o papa era atlético e elogiava sua excelente forma física. Para ele, além da religião, a vida consistia em cuidar tanto da mente quanto do corpo, então ele começou a falar sobre isso. Era conhecido por acordar às cinco da manhã, ler jornais em seis idiomas e fazer 200 flexões e 300 abdo­minais, tudo antes do café da manhã e do início de seu dia de trabalho. Ele também era esquiador e continuou a praticar esse esporte mesmo depois que virou papa.
Na época, João Paulo II já estava com mais de 60 anos, 27 a mais do que eu. Pen­sei: “Se esse cara consegue, vou ter que acordar ainda mais cedo!”

10. SEJA ávido. Tenha fome de sucesso, faça questão de deixar sua marca, deseje intensamente ser visto e ouvido, e por ter influência. À medida que for avançan­do e alcançar o sucesso, não se esqueça também de ser ávido por ajudar os outros.
Não fique se vangloriando pelo que já realizou. Muitos ex-atletas passam a vida falando sobre como eram incríveis 20 anos antes. Alguém como Ted Turner, po­rém, passa de administrador da empresa de anúncios em outdoors do pai a funda­dor da CNN, organizador dos Jogos da Amizade, criador de bisões, fornecedor de carne de bisão e detentor de 47 títulos universitários honoríficos. É isso que chamo de ser ávido. Bono Vox começou como músico, depois comprou músicas de tercei­ros, em seguida trabalhou no combate à aids e na criação de empregos. Anthony Quinn não ficou satisfeito sendo apenas um astro de cinema. Ele quis fazer mais: tornou-se um pintor cujas telas foram vendidas por centenas de milhares de dó­lares. Donald Trump transformou a herança que recebeu em uma fortuna 10 ve­zes maior, depois se tornou apresentador de TV em rede nacional. Sarge viajou o mundo até o fim da vida, sempre ansioso por novos projetos.
Muitas pessoas talentosas simplesmente se acomodam. Ficam desejando ainda ser alguém, e não apenas falar sobre o passado. A vida é muito mais do que ser o melhor em algum quesito. Aprendemos muita coisa quando somos bem-sucedi­dos, então por que não usar o que você já aprendeu, lançar mão de seus contatos e fazer mais coisas com eles?
Meu pai sempre me dizia: “Seja útil. Faça alguma coisa.” Ele tinha razão. Se você tiver um talento ou uma habilidade que o deixem feliz, use-os para melhorar seu bairro. Se ainda sentir vontade de fazer mais, vá em frente - terá tempo de sobra para descansar quando estiver no túmulo. Viva uma vida de riscos, uma vida ousa­da, e, como disse Eleanor Roosevelt, faça diariamente algo que lhe dê medo.
Deveríamos todos nos manter sempre ávidos!

Bem é isso aí, até a próxima! 

3 comentários:

  1. Esse livro é a meu manual de vida. O Arnold foi meu ídolo desde a infância e provavelmente aprendi mais com esse livro do que na escola e faculdade inteiras. O meu está todo marcado e sublinhado.
    Eu diria que esse livro ensina o mindset pra ficar rico melhor que qualquer livro de negócios ou biografia.

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  2. Cara, gostei muito do post, acabei de conhecer o seu blog e já estou acompanhando.
    Abraços,
    MOZART DA PERIFERIA

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  3. Gostei mano, parece um livro bom. Realmente não existem atalhos, a repetição é o segredo...

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